Resolvemos de fato mudar de casa. Algo que já é muito caótico com o passar do tempo e ressonar da notícia se tornou mais caótica ainda. A casa de destino em questão é a casa de infância do Jones que está, digamos assim, em situação deplorável. Meu pai e eu fomos vê-la, e ele com muita diplomacia disse: "a casa é boa, mas precisa de uma boa reforma". E cadê dinheiro para isso? Bem, a situação é que com reforma ou sem reforma nos mudamos. A notícia gerou uma série de protestos de minha família, que depois de muito alarde se comprometeu a ajudar. O problema meus amigos foi os meus digníssimos senhorios. Por alguns desencontros e problemas não entramos em acordo. Portanto obra em casa com pendenga na outra. A coisa boa é que ganhamos duas gatinhas, Kizzy e Bell, que fazem uma bagunça e são alegria pura. Pasmem, elas não têm medo de fogos de artifício.
Enfim, o importante desta postagem é uma reflexão sobre minha primeira noite sozinha desde que me casei. Devido aos meus probleminhas, Jones tem evitado me deixar sozinha. Quando isso acontece ele me deixa aos cuidados de amigos. Hoje é minha primeira noite de fato sozinha. Com Bell e Kizzy, mas sozinha. Minha televisão não pega, todos meus amigos não respondem no whatsapp e meu pc quebrou. Estou mais ilhada que o Robinson Crusoé. Isto está servindo para uma onda reflexiva e de interiorização sem precendentes. Como fica minha vida no doutorado? Não fica. Fiz absolutamente tudo errado e agora tenho que arcar com as consequências de meus atos. É hora de arranjar um bom emprego. E minha vida psíquica? Como fica? Por ironia do destino, após mais uma frustração e crise, recomecei a pesquisa e estou lendo meus livros de duas formas, como leitora de auto-ajuda e como historiadora da ciência e da medicina. O que posso dizer é mesmos com mais de 100 anos de publicação, os livros de Austregésilo, de certa forma, são bem atuais. Eles ainda servem ao seu propósito de higienizar a mente da elite brasileira de então. Combater o que para ele era psiconeurose e para mim depressão. Feita as devidas ressalvas e respeitados os anacronismos, estaria eu no consultório de Austregésilo no início do século XX sendo tratada por meio das palavras e com aumento de energia da vontade? Porque eu definitivamente estou tentando a auto-sugestão. Há tempos ando a procura de um psicólogo ou psicanalista com quem sinta bons resultados. Porém não tive sucesso. Os estou substituindo por "Educação da Alma" e "A Cura dos Nervosos". Péssima atitude para uma historiadora, mas cansei de lutar contra meus instintos. Tentei de todas as formas ler imparcialmente os textos a ponto de parar a pesquisa por quase dois anos. Decidi priorizar-me. O fato é que o doutorado deve ser abandonado. Mas Austregésilo tem me feito um bem que remédio algum fazia.
Outra reflexão da noite é a total inércia de atitudes e preguiça fisica e intelectual que cercou minha vida nesses últimos quatro anos. Me tornei no ser mais apático do universo, o que me leva à infância, pois era exatamente assim quando criança. Depressão é um negócio engraçado. Você vira uma outra pessoa e ao mesmo tempo retorna a condição de criança. Hoje fui na casa de minha mãe e a vi nervosa costurando mais de 50 fantasias de dança. Minha irmã ajudava. Quando tinha 14 anos minha mãe passou por algo parecido, mas por conta de um "ataque de nervos", não conseguiu entregar. Hoje foi completamente diferente. Minha mãe mudou. Fiquei pensando no quanto mudei também e entendi uma das construções psiquicas de Freud. O ser humano se reestrutura a todo momento. Não há um retorno à um estado de saúde, pois o antes não era saudável e o agora não é doentio. Há um desequilíbrio causado por um motivo e cabe ao indivíduo se recompor num novo ser para contemplar o desequilíbrio e alcançar um novo equilíbrio. Isso trouxe uma nova perspectiva para mim. Não acredito em cura de estados mentais. Nunca acreditei que vou ficar curada da depressão. Tenho há tanto tempo que nem sei quem eu sou sem ela. Me agarrei de tal forma que sem ela parace haver o inexistente. Jones diz que esse pensamento é mais um sintoma. Mas pensando no esquema freudiano percebi que mesmo sendo depressiva eu vivia em equilíbrio com ela. Equilibrio que foi perdido. É necessário me redefinir para compor um novo eu no qual essa depressão também se encaixe. Como fazer isso é a grande questão. Tenho pensado estar no caminho certo. Para depois dar três passos para trás. Mas o processo de retorno ao equilíbrio deve ser assim mesmo. Estou pensando em retornar as atividade s físicas e persistir na dança. Vamos ver. O meu principal problema de hoje é dormir enquanto a Bell cutuca minha barriga e a Kizzy brinca no meu cabelo. Boa noite.
Um blog para todos aqueles interessados em gatos, dança, história e assuntos diversos.
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
Mudança e conflitos
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