1. Se sim, continue lendo o próximo parágrafo.
2. Se não pule para c.
Sim: Você assistiu a uma apresentação de ballet. Você então:
1. Dormiu. Lei o paragráfo b.
2. Vibrou. Continue lendo.
a. Quem vibra num ballet, provavelmente é ou já foi um bailarino. Se não, têm na alma uma coisa enrustida, uma frustração por não ter feito (ainda, vide o tanto de aula para master aparecendo por aí). O ballet é vendido como algo mágico, que proporciona minutos de pura beleza, elegância e perfeição. Sim o ballet é tudo isso, mas também é dedicação, aos calos, à dor, ao treinamento, à dieta, ao suor e à perfeição, novamente. Todo bailarino quer ser perfeito. Todo bailarino é rival de si mesmo. Ele luta contra suas "imperfeições" físicas e psicológicas. Físicas, pois todo o movimento do bailarino é anti-natural. Difícil são aqueles que nascem com "pernas em x" (joelhos voltados para trás), com linhas de pernas, tronco e braço perfeitos. Se nascem são prodígios, se conseguem através do treinamento são campeões. Psicológicas, pois todo esse esforço não vêm fácil. Você adequada sua vida à dança. Ela é sua vida, nada mais existe.
Quem vibra com o ballet sabe de tudo isto. Quem ama o corpo de baile, sabe que aquilo vêm de todo um esforço, que nada deve ser desproposital. Um linha de dedo fora do lugar é um erro.
Quando eu vi o filme Cisne Negro, vi com um grupo de amigos ansiosos em ver o filme. Confesso que relutei um pouco, em parte, porque não vi nada de impressionante no roteiro. Durante a "sessão", a conversa toda foi em torno das coisas horripilantes do filme: os dedos sangrando, a magreza, o esforço, as sapatilhas duras, os alongamentos constantes e impossíveis. Tive que manifestar: "gente, mas ballet é isso? Vocês achavam que era o quê? Isso é algo tão normal ...". Virei a alienígena na sala. A conversa girou em torno do porque as pessoas fazem coisas desse tipo com o próprio corpo. A resposta "porque amam a dança", não foi satisfatória.
b. E aqui entra a opção você dormiu quando viu um ballet. Meu Pai dormiu em todas as minhas apresentações e de Irmã também. O ronco dele era regra em todas as apresentações. Ele nunca deixou de ir, mas nunca conseguiu apreciar. Só acordava quando nós entrávamos em cena. Ele nunca gostou, achava nossos pés enfaixados bizarrices de Mãe, angustiada em torturar as filhas com aquilo. Que era melhor cursos de inglês e informática. Ballet não é para todos. E se você está com alguém que ama a dança, só lhe restam duas opções: ou você gosta ou dá o braço a torcer. Você não irá entender nada dos movimentos, dos sinais velados que somente quem faz parte do "clube" da dança conhece e interpreta. Namorido foi ver comigo O Quebra-Nozes. Fomos em uma apresentação da Ana Botafogo. O levei na esperança que ele gostasse da dança, mas no fundo sabia que ele não tinha esse perfil. Ele não dormiu, mas achou tudo entendiante, quadrado, sem significado, rotulado e preconceituoso. Algo típico do século XIX. Para quem não sabe os ballets clássicos em sua maioria foram "criados" no século XIX. Errei em levar Namorido, mas como aprendemos com nossos erros, saibam que se você ama ballet, não se esqueça que esse amor é seu, não de outros.
c. Se você não assistiu à uma ballet, vá se você realmente quer assistir. O ballet é algo que precisa ser experimentado para apreciar o gosto. Não vale o rótulo "não gosto, nem nunca assisti". Recomendo um ballet curto e mais clássico. Não vá achando que irá adorar Lago dos Cisnes. São 4 horas sentado. Aja bunda, imagina se odiar.
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